sexta-feira, junho 18, 2010

À alguns dias estou pensando em escrever este post. Prorroguei, pq. não sabia como tratar o assunto. Até que, vi pela TV uma reportagem falando exatamente sobre isso. Resolvi, então, escrever e quem sabe, ao mesmo tempo fazer uma homenagem a esta pessoa e uma denúncia ao que lhe aconteceu.
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O nome dele é Avelino. O "seu" Avelino. Um senhorzinho pequenino, de cabelos brancos e de aparência frágil. "Seu" Avelino já era conhecido no local onde trabalho, antes mesmo de eu começar a trabalhar. Já fazia parte das histórias contadas por lá. Ele já chegava enfezado no local, brigando com a primeira pessoa que via. O motivo era sempre o mesmo: ele estava sem dinheiro. E dizia que a culpa era daquele que o estava atendendo!
A primeiro momento, quem não o conhecia, escutava a história dele. Ou melhor, tentava escutar, ou melhor, tentava entender, pois "seu" Avelino falava, falava e falava e a gente não entendia nada. A única coisa que sabíamos era que ele estava enfezado...muito enfezado.
Todo mês "seu" Avelino estava lá, depois que seu dinheiro era depositado e ele sempre contava a mesma história. Acho que, na verdade, ele gostava era de ir lá. Só pra ver as meninas.
Por ser uma pessoa que não passava desapercebido, acabou se tornando aquelas figuras históricas: Pequenino e bravo. Aquele bravo que todo mundo gostava.
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Semana passada recebemos a triste notícia. "Seu" Avelino tinha falecido. Foi atropelado por um motorista de ônibus aqui em Cuiabá. Esta notícia foi como um soco no estômago de todos ali. Não tínhamos nenhum parentesco com "seu" Avelino, mas ele fazia parte da nossa vida. Saber da sua morte foi muito triste. Porém, se fosse de maneira natural, seria menos doloroso do que saber que foi por um estúpido atropelamento.
Foi revoltante saber disso! E mais ainda, saber, depois que vi numa reportagem nacional e depois regional que isso é mais comum do que eu imaginava. Tanto que está sendo feito uma campanha nos ônibus para concientizar os motoristas sobre o respeito com os idosos em todo o país.
A coisa é séria mesmo! Não é um, nem dois, são vários que estão sendo atropelados sem dó nem piedade. A maioria dos brasileiros idosos utilizam o ônibus como transporte e os motoristas não respeitam essa necessidade. Não param no ponto, passando direto. Um dos motivos que os próprios idosos alegam (em entrevistas) para esse desrespeito é que eles não pagam passagem, por isso os motoristas o ignoram. (Se é que isso é um motivo a ser alegado, pois a gratuidade de passagem é um direito que foi concedido a esses cidadãos).
Se quando não param já estão desrespeitando, mais ainda, quando não tem paciência de esperá-los subir nos ônibus ou descer aqueles terríveis degraus.
Isto é revoltante !
Não sei como foi o atropleamento do Sr. Avelino, procuro nos noticiários da Capital, mas nada foi falado. Se tornou comum, mais um. Como isso é possível, tratar de um atropelamento de um senhorzinho tão frágil de maneira a ignorar a sua existência?
É com o coração triste que escrevo este post. Sinto pela família do sr. Avelino e imagino a dor que aquele senhor sentiu ao ser atropelado por um louco no volante. Um louco que talvez nem imagine que um dia ele também será idoso.
Sem mais palavras!

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