sexta-feira, maio 27, 2016

Pelo simples fato ...

Eu poderia ficar calada. Eu poderia deixar de falar. Eu poderia ler todo o noticiário e achar que o que eu disser, fazer ou pensar, não vai adiantar de nada, pelo simples fato de que "Não serei ouvida". Mas, de repente, me vi no lugar dessa moça que foi estuprada por 33 homens e senti que Sim, eu precisa falar,pelo simples (?) fato de ser MULHER.
Não. não é fácil ser mulher nos dias de Hoje! Não. não foi fácil ser mulher no século passado. Não. não foi fácil ser mulher depois de Cristo e não foi fácil ser mulher antes dele também.
Como vêem, não foi fácil SER mulher em tempo algum!!
Isso dói, sabiam? Dói na alma, mas que na carne, no corpo.
Dói saber que você,eu, nós, não podemos ter nossa CARNE respeitada, pelo simples fato de sermos diferentes dos homens. E eu digo, carne com letras maiúsculas, não pra mostrar que somos só carne, mas é porque é assim, que MUITOS homens nos vêem, e muitas mulheres (infelizmente) também.
Desde muito pequena, eu briguei com esse estereótipo machista que a sociedade carrega de que "Homem pode isso", "mulher não pode isso", "Mulher deve agir assim", enfim... eu ficaria horas e horas descrevendo o que NÓS já ouvimos durante toda nossa vida.
E eu sempre perguntava: "Porque elE pode, e eu não?" "O que elE tem  MELHOR que eu pra poder fazer algo que EU NÃO POSSA"? A resposta geralmente era a mesma: "Ah, ele é HOMEM!". Oi?? "e ISSO o faz melhor que eu? Só porque ele tem um PINTO é melhor que eu???" (a única coisa que me diferenciava de um homem era essa anatomia dele que eu não tenho).
Fui a única neta no meio de 6 meninos durante 12 anos, então, sempre tive que encarar essa discriminação de que "menino pode isso" e "menina deve se comportar dessa forma". Só que eu queria fazer o que meu primo fazia. E porque não? 
Mais tarde, tive que tentar entender o porquê que Eu tinha que realizar certas atividades domésticas e meus primos não. E ouvi que "ah, eles são HOMENS !" e até já vi olhares espantados de alguns parentes (mulher!) quando via que eles também lavavam louça e realizava outros trabalhos domésticos, até melhor que eu.
Também já discuti que o tamanho da minha roupa não influenciaria no meu caráter. E que por eu andar de roupa curta ou justa não dá direito a um homem de me desrespeitar. Também já tirei a mão do cara que me puxava pelo braço na balada, só porque ele achava que iria me pegar. Tirei e empurrei. "Quem ele pensa que é?" Também já olhei de cara fechada para homens na rua quando eles achavam que ser chamada de Gostosa era um elogio. Não. não é!!É elogio quando eu escolhi o cara. Quando ele fala no meu ouvido, só para mim. 
Por mais que eu já briguei, eu também já tive (e tenho) medo. Já tive medo, aos 11, 12 anos quando eu caminhava sozinha em uma avenida, num dia claro e sol rachando e vi um homem dentro de um fusca parado, se masturbando e olhando pra mim. Foi a primeira vez que eu vi um órgão genital masculino. Foi a primeira vez que eu fiquei com medo. Corri assustada.
Daí, então, mesmo sem entender, o que de fato era uma relação sexual, uma conjunção carnal, o sexo propriamente dito, aquilo me causou Medo. O "meu mundo encantado" se quebrou, porque eu sabia que existia gente que podia fazer mal a uma menina. Graças à Deus, nada me aconteceu. Mas, aconteceu com várias meninas da minha idade ou mais velhas, ou pior, mais novas. E isso me dói! Porque podia ser comigo, podia ser com você, podia ser com minha mãe, minha tia, minha irmã e pior, com minha sobrinha de 5 anos.
Foi aí que percebi que eu não podia andar, agir, vestir, falar do jeito que eu quisesse, porque lá fora, existiam LOBOS MAUS e eu agindo assim, iria "alimentar" a lascívia deles. A sociedade aceitava esses LOBOS, pelo simples fato, que era da natureza deles serem assim. Eu não podia usar saia curta, eu não podia ir numa festa, eu não podia beber muito, eu não podia dançar sensualmente, eu não podia requebrar, eu não podia usar batom vermelho, eu não podia gostar de sexo, eu não podia fazer sexo, eu não podia falar sobre sexo, que SIM, eu estava disponível para ser USADA por esses homens, simplesmente, porque são do INSTINTO deles.
Aí, você percebe que mesmo sem fazer nada disso, também corre o RISCO. Você percebe então que não tem saída, não tem escapatória. Parece que a sociedade grita: VOCÊ MERECE SER VIOLENTADA PELO SIMPLES FATO DE SER MULHER!!!!
E isso me dói!
Me dói na alma.
Hoje foi com a Beatriz, mas podia ser com qualquer uma de nós.

quarta-feira, maio 18, 2016

Eu voltei....versão Curitiba

Não acredito que estou aqui de novo. Escrevendo. Quanto tempo mesmo?? Quase 2 anos. Nem tenho vergonha na minha cara, eu sei. kkk. 
Estou agora em Curitiba. E acho que vou começar a escrever as coisas sobre aqui. Não sei se irei morar. Depende de achar um bom emprego. O frio é um problema pra mim. Pessoal está me dizendo que é questão de costume. Não sei. Não que eu curto o calor escaldante de Cuiabá, mas também não precisamos exagerar no frio, né? Na verdade, estou colocando todos os prós e contras de morar aqui. Tá, tá, tá. Curitiba é lindo (1 ponto), as pessoas são bem mais bonitas (2 pontos), vestidas de roupas de frios, com suas mantas, seus casacos, seus echarpes, e calçando suas botas de cano longo (3 pontos), cabelos e peles ficam mais bonitos (4 pontos), caminhando, caminhando, caminhando sem suar (5 pontos). De noite, mais propício para tomar um vinhozinho (6 pontos), se tiver solteiro, se ferrou (-2 pontos), porque você vai dormir sozinho e simplesmente cheio de agasalhos (-1 ponto), o que dependendo da quantidade, você estará mais parecendo um bujão de gordo, do que agasalhado (-1 ponto). Pra ficar gripado é um pulo (-1 ponto) então, você tem que estar tomando sempre anti gripal, até seu corpo se acostumar. Acordar de manhã é um sacrifício (-1 ponto). Imagina sair do seu quentinho e ter que enfrentar o frio e o banho. 
Até agora, tá equilibrada balança. Vamos ver! 
Por que eu vim? Não sei explicar. Ouvi um CHAMADO. Na verdade, um chamado de um amigo meu, que falou: "Venha!" , só que como eu estava ainda empregada não tinha como largar tudo e vir pra cá. Só que por obra do Destino, ou coincidência mesmo, fui demitida em Janeiro, como resposta das minhas perguntas,ou até mesmo dos meus anseios; e cá estou. Deve ter um motivo, não acham? Na verdade, eu estou procurando essa resposta. "O que vim fazer aqui?" Como ser levada por uma correnteza, você não sabe se vai, mas se deixa levar, pelo simples fato de que você confia em algo Maior. A correnteza me trouxe até aqui. 
Também pensei na situação de que se não fizesse isso na vida, um dia poderia me arrepender. E uma coisa que não quero mais fazer na minha vida é me arrepender de algo que não fiz porque tive medo de fazer. Medo ou falta de coragem. Acho que as duas coisas estão de certa forma interligadas. Já passei por essa situação, de olhar para trás e falar: Nossa, eu poderia ter feito aquilo! Ah, e porque não fez? "por causa disso, disso e daquilo outro". Covardeeeee! Bem isso! Às vez, não estamos preparadas mesmo pra romper com alguns medos, com algumas barreiras. "Queimar navios". Já ouviram essa expressão: "queimar navios"? É uma longa história (para eu colocar aqui no blog, mas é só digitar no Google que logo irá aparecer o significado dela). Poucas pessoas tem essa coragem, apesar que não é nem uma coragem, ao meu ver, já que não abandonei as coisas em Cuiabá. Apenas vim me dar uma chance pra sair do mundinho que eu vivia dentro da caixa. E isso, muita gente, já não tem. Porém, vão ficar frustradas de não terem feito aquilo que queriam fazer, pois quanto mais o tempo passa, menos coragem a gente tem.
       Um dos motivos que me fizeram vir é que aqui tem muito mais oportunidades de trabalho do que lá. Isso é fato (+1 ponto pra Curitiba). Aqui você acha emprego de tudo quanto é coisa e em qualquer lugar, o que Cuiabá não dá. Infelizmente é isso. Por exemplo, eu que ainda não tenho OAB, não seria contratada por um escritório de advocacia em Cuiabá. Ou se contratam estagiários ou advogados. Bacharéis não tem chance. Aqui não. Sempre estou vendo vagas disponíveis, para essas pessoas que como eu estão no limbo jurídico. E, por aí, vai.
Eu (eu disse: Eu!) não vejo crescimento em Cuiabá. A não ser que você tenha uma boa indicação. Como eu não tenho essas costas quentes (ou sorte!) não tive pra onde crescer.
Enfim, eu poderia estar dissertando sobre várias e várias coisas. Ainda quero falar se existe Homem interessante em Curitiba. kkk. pq. em Cuiabá...situação triste! Mas vou deixar para um outro post. 
Esse é só o retorno. E acho que vou escrever constantemente.
Bem, fico por aqui!
Beijo pra quem leu ...rs
Se leu, me dá um Oizinho só pra eu saber que ainda tem alguém aí.